A primeira remessa comercializada contendo o selo da Indicação Geográfica(IG) da amêndoa de cacau produzida no município de Tomé-Açu embarcou na sexta-feira (31) para o Japão. O registro, obtido em fevereiro deste ano, foi concedido pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).
O lote, contendo 25 toneladas do produto, sairá em frente à sede da Associação Cultural e Fomento de Tomé-Açu (ACTA) que é a detentora do registro e, em parceria com a Cooperativa Agrícola Mista de Tomé-Açu (Camta), é a responsável pela logística envolvendo o embarque. O produto foi destinado à empresa japonesa Meiji, compradora de amêndoas de cacau para a fabricação de chocolate.
O Governo do Estado, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap), prestou todo o apoio para a obtenção da conquista e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) foi a instituição responsável pela elaboração do diagnóstico base para a solicitação do selo. As articulações entre os órgãos e a realização de atividades fundamentais para a obtenção da IG são coordenadas pelo Fórum Técnico de IG e Marcas Coletivas do Estado do Pará.
A iniciativa contou com apoio do Sistema Faepa/Senar que apoia todas os projetos que visem impulsionar a cacauicultura no Estado.
O secretário de desenvolvimento agropecuário e da pesca, Hugo Suenaga, ressaltou que a Indicação Geográfica é uma certificação importante que garante diferenciação no mercado mundial, principalmente na questão da procedência. “Além dos mais, trabalhamos também a questão da rastreabilidade do produto, pois, com todas essas amêndoas sendo certificadas, teremos a informação por onde passou, onde ela foi colhida até o seu consumo final que são nas indústrias beneficiadoras de amêndoa de cacau. Isso gera confiança do mercado”, avaliou. Apesar desta ser a primeira remessa com a IG, a amêndoa de cacau de Tomé-Açu, como lembrou o secretário, já vem sendo exportada ao Japão.
A Sedap vem trabalhando para que essa certificação possa ser estendida a outras culturas como a farinha de Bragança e o queijo do Marajó, que também estão em fase de certificação.
Fórum- A Sedap, como coordenadora do Fórum de IG, vem trabalhando na construção da Política Pública Estadual de Indicação Geográfica e Marcas Coletivas. A presidente do fórum, a engenheira agrônoma Márcia Tagore, explica que através da secretaria houve o convênio para realização de um seminário, elaboração da Cartilha do Conselho Regulador, capacitações e futuramente, o software para o mapeamento do produto com a IG para permitir, segundo explica, a garantia ao consumidor, a qualidade do produto e o conhecimento sobre o processo e história do produtor.
Foto: Ricardo Amanajás / Ag. Pará
“A IG representa a conquista do desenvolvimento do território, visibilidade das potencialidades, da produção do Estado, da qualidade dos nossos produtos. Para Tomé-Açu, além do orgulho dos agricultores de poderem conquistar mais esse reconhecimento e mercado, a satisfação de demonstrar para o mundo as qualidades do produto da Amazônia e do esforço e trabalho de produtores da colônia japonesa do Pará, mas também de poder dar visibilidade ao SAFTA, que é o sistema de produção que tem como foco a sustentabilidade e a preservação ambiental”.
Para o presidente da Camta, Alberto Oppata, o embarque das 25 toneladas com o signo IG é resultado “de muito trabalho com várias entidades parceiras e de muitos anos sendo registrado para o nosso município de Tomé-Açu e para o nosso Pará. É um desafio fazer com que na prática tenha uma agregação de valor para os produtores e a valorização das amêndoas do cacau”. Para a ACTA, presidida por Silvio Shibata, o embarque tem uma importância histórica, pois atualmente o município “respira IG” e a rota da imigração japonesa foi importante para essa conquista. O cacau foi uma das primeiras culturas de Tomé-Açu.
Texto: Informações da Sedap/ Rose Barbosa