Encontro de gestores sindicais rurais debateu formas de repensar o agro no cenário marcado pelo seu crescimento e potencial produtivo

Evento realizado nos últimos dias 11 e 12/6 reuniu 300 participantes entre presidentes de sindicatos rurais, coordenadores de núcleos regionais, assessores técnicos, lideranças políticas, setoriais, empresários e agentes públicos de todos os elos produtivos do agronegócio

“Maior responsabilidade. Repensar o Agro”. Esse é o tema que reuniu 300 participantes no quinquagésima primeira edição do Encontro Ruralista promovido pelo Sistema Faepa/ Senar/ Sindicatos com apoio da CNA, que encerrou ontem, na sede do Palácio da Agricultura, em Belém.

Na manhã do primeiro dia de evento, o debate principal girou em torno do papel do sindicato rural para fortalecer o produtor rural e, consequentemente, a principal atividade econômica do estado do Pará e do Brasil: o agronegócio. “O agronegócio do presente e do futuro está baseado em pessoas. Com a representatividade do setor no país, este evento em muito nos orgulha. Com apresentação de temas relevantes para informar e gerar conhecimento às lideranças sindicais, sabemos da singularidade deste Encontro”, afirmou Carlos Xavier, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Pará – FAEPA.

O consultor de empresas, Mauro Faria Peres, fez uma palestra motivacional e conduziu uma programação envolvendo dinâmicas e apresentações provocando nos participantes o desafio de uma gestão cada vez mais forte, atuante e participativa, em busca de melhores resultados. “As pessoas com propósitos são mais engajadas e os presidentes de sindicatos precisam entender sua missão e valor e atuar em busca de um sindicalismo de resultados, que escute o produtor rural na sua região, preste cada vez mais serviços, agregue valor e conecte as pessoas com objetivo comum: unir e colaborar para valorizar e expandir o segmento em que atuam”, disse.

A questão do Sistema de Gestão Sindical – SG-Sind, uma plataforma operacional on line elaborada para auxiliar Sindicatos rurais, Federações e a própria CNA na organização de suas atividades diárias, foi detalhada na palestra do o assessor técnico do Departamento Sindical da CNA, Ademar Fernandes dos Anjos, que pontuou também sobre a Contribuição Sindical Rural e o Bem+Agro.

“O programa funciona com agros – moeda virtual criada para o sistema e que pode ser trocada por ofertas e outros benefícios. Para ganhar agros, o produtor precisa ter alguns comportamentos como se inscrever e concluir cursos do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar); participar de eventos; navegar, interagir e ler conteúdos publicados pela CNA, federações estaduais da agricultura e pecuária, e sindicatos rurais”, disse Ademar. “No computador ou celular, o produtor acessa o extrato de agros acumulados, confere as ofertas – nacionais ou segmentadas por região – e troca moedas virtuais por benefícios, como condições especiais em empresas parceiras, a exemplo de descontos em planos de saúde, serviços laboratoriais, passagens aéreas, pneus e serviços relacionados, cursos de graduação e livros, além de acesso VIP a eventos do agronegócio, entre outros”, destacou.

Em seguida, o advogado e especialista em Direito Agrário e Ambiental, Chistian Bomm, abordou o tema regularização fundiária e explicou que com a nova lei de terras, o Governo do Estado está propondo que todos os proprietários rurais que não possuírem segurança nos seus títulos de terras, podem fazer uma nova compra da área sob um regime especial.

“Nesse caso, o proprietário não participará de licitação e com isso receberá um novo título, com nova matricula e assim garantirá a certeza de que é proprietário da terra adquirida. Assim terá acesso a crédito, a produtividade, a legalização da área com georeferenciamento, a licença ambiental rural e, se necessário, recuperar a área. Isso vai gerar segurança no aproveitamento econômico dos recursos naturais no futuro. Essa nova legislação vem para resolver o problema fundiário do Estado”, explicou.

A presidente do Sindicato de Produtores Rurais de Primavera – PA, Tânia Regina Dussouchit, disse que a palestra foi importante porque é de amplo interesse dos produtores rurais a questão fundiária e que “o contato com o tema foi esclarecedor e considero que temos que nos aprofundar sobre o assunto para obter soluções mais para a questão fundiária do Estado”, enfatizou.

As metodologias de avaliação de terras desmatadas e que geram embargos de propriedade foi um dos temas destacados nas apresentações do advogado, Flávio Mansos, e da engenheira florestal, Renata Matos.

De acordo com a engenheira florestal, o tema é importante para que os proprietários de terras saibam como é feito o monitoramento e de que maneira os dados são avaliados para gerar os embargos de terras. “Os embargos impedem o uso econômico da propriedade. Por isso, a importância da regularização da área dentro do imóvel. O desmatamento só pode ocorrer com a autorização dos órgãos ambientais”, explicou.

Aos produtores rurais, o advogado, Flávio Mansos, explicou sobre a Revisão de Termo de Ajuste de Conduta (TAC), regularização ambiental e simplificação do licenciamento e desburocratização.

A presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Magalhães Barata –PA, Maria Monteiro, destacou que a palestra foi esclarecedora, pois alguns produtores não sabem, especificamente, até que ponto podem desmatar a área rural. “Não saber essa informação pode gerar os embargos, e para os produtores é importante produzir, sobretudo, em áreas já desmatadas, preservando o meio ambiente”, explicou.

Agregar valor a produção do cacau e incentivar o produtor rural a comercializar chocolate são alguns dos objetivos do projeto Escola-Indústria apresentado pelo assessor técnico Luís Pinto de Oliveira. Desenvolvido pelo Sistema Faepa/Senar em parceria com o Governo do Estado, através do Fundo de Desenvolvimento da Cacauicultura do Pará (Funcacau), o projeto prevê a capacitação de produtores rurais visando proporcionar independência na produção e comercialização do cacau.

Para o presidente da Faepa, Carlos Xavier, a Escola-Indústria irá proporcionar o aprendizado e geração de renda. “Os dois primeiros polos a receber a escola serão os municípios de Igarapé Miri e Medicilândia e uma terceira funcionará em uma unidade móvel. Posteriormente receberão as Escolas- Indústria os municípios de Castanhal, Altamira e Cametá”, anunciou.

A presidente do Sindicato de Produtores Rurais de Igarapé-Miri, Darlene Pantoja contou que os produtores rurais da cidade estão muito receptivos com a chegada da Escola-Indústria. “Até o momento a produção nas ilhas da região ainda tem um ciclo artesanal, de vender o cacau no paneiro, sendo assim, esse conhecimento que o Sistema Faepa/Senar está proporcionado ao produtor ajudará no desenvolvimento da produção do cacau do município”, explicou.

“É um projeto inovador, sendo o primeiro do Senar a nível nacional. Por isso nosso principal objetivo é incentivar o produtor rural a receber conhecimento, e com isso agregar valor a produção e impulsionar o desenvolvimento do agronegócio no Estado”, destacou o superintendente do Senar, Walter Cardoso.

O gerente regional da Assistência Técnica e Gerencial do Senar, Dácio Carvalho, trouxe os resultados que a ATeG está proporcionando para os produtores rurais no Pará. O modelo inédito de prestação de serviços de assistência técnica continuada, fundamentada em 5 passos: Diagnóstico Produtivo Individualizado, Planejamento Estratégico, Adequação Tecnológica, Capacitação Profissional Complementar e Avaliação Sistemática de Resultados, tem como foco a implantação de um modelo de operação e gestão das propriedades rurais.

“A ATeG envolve todos os processos da cadeia produtiva, possibilitando a realização de ações efetivas, nas áreas econômica, social e ambiental, e nos processos de gestão de negócio, visando proporcionar a sua evolução socioeconômica da família e da comunidade. No Pará, 240 produtores foram assistidos em 2018 e, 510 já alcançados em 2019, na região sudeste paraense. A expectativa para este ano compreende a ampliação das ações de ATeG para as cadeias produtivas do açaí, cacau, bovinocultura de corte e mel”, revelou Dácio

A importância da comunicação para a propagação das informações do agronegócio foi destacada na palestra da superintendente de Comunicação e Marketing da CNA, Cecília Kobayachi. Segundo ela, o evento é importante, pois apesar de vivermos em um mundo digital, em que as distâncias se encurtaram, nada substitui a presença física e o contato interpessoal.

“Esse evento é imprescindível para medir o termômetro do que acontece no Estado no setor do agronegócio. O contato físico facilita a troca de informações. O Sitema Faepa/ Senar está de parabéns pela iniciativa, pois o evento resultou em novas ideias. Obtive muito retorno e volto com dever de casa para gerar mais informações para o Agro”, enfatizou.

O presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Cametá-PA, Benedito José Oliveira Barros, contou que percebe um grande interesse do Sistema Faepa em comunicar suas ações e as notícias do setor ao produtor rural. “A palestra foi importante para que tenhamos o entendimento de que informar também ajuda no desenvolvimento do setor produtivo, portanto, devemos ser agentes e replicar as boas informações do setor em nossas regiões”, destacou.

Vitrine Tecnológica

O zootecnista e diretor da Faepa, Guilherme Minssen, apresentou o projeto inédito da vitrine tecnológica no agronegócio para o estado do Pará. “Queremos garantir que as potencialidades do nosso estado sejam conhecidas e acessíveis a toda a sociedade, exibindo a produção tecnológica voltada para o setor do agronegócio e atraindo os olhos de setores nacionais e internacionais para o Pará”, disse.

Homenagens

O presidente da Alepa, Daniel Santos, esteve na companhia dos parlamentares Alex Santiago e Ana Cunha, concedendo o Prêmio Qualidade de Vida a dois importantes nomes do Agronegócio no Estado do Pará: Carlos Xavier, presidente da Federação de Agricultura e Pecuária do Pará e Claudio Zamperline Junior, empresário e vice-presidente.

As condecorações do Prêmio Qualidade de Vida Ambiental no Pará foram pelos seus relevantes serviços prestados à comunidade paraense. “Modernizar as Leis é dever da Alepa, favorecendo com que o empreendedor e a pessoa do campo possam ter segurança no investimento dos seus produtos. O Pará lidera a produção de diversos produtos como abacaxi, cacau, açaí, mandioca, dendê e pimenta do reino, esse artefato é básico para a formação do nosso Produto Interno Bruto (PIB). Nosso papel, enquanto deputados, é fazer valer a pena a confiança que a população do Pará concedeu aos que compõe as 41 cadeiras do Legislativo”, disse o chefe do legislativo.

“O agronegócio paraense tem elevado potencial para transformar a sociedade. Não tenho dúvidas que com a união desse novo governo e da nova gestão da Alepa, vamos fazer as transformações que o Pará precisa para avançar cada vez mais”, destacou o presidente da Faepa, Carlos Xavier.

Feliz pelo reconhecimento da Assembleia Legislativa do Estado do Pará, Cláudio Zamperline Junior, empresário paulista, morador do município de Capitão Poço há nove anos, comentou sobre a comenda do Prêmio de Qualidade de Vida Ambiental no Pará. “É um gesto de gratidão pelo trabalho que nós, produtores rurais, realizamos no Estado. O produtor rural não desmata, preserva. Nesse encontro de produtores rurais temos como discutir e buscar soluções para a questão ambiental e fundiária, isso é válido devido o Pará ser um dos maiores produtores de alimentos do Brasil, o que permite a geração de emprego e renda”, destacou. Júnior contou ainda que, na Empresa Citropar Cítricos do Pará, é realizado um trabalho de ressocialização com os custodiados que cumprem pena no Centro de Recuperação Regional de Bragança (CRRB). “Ali, todos que passam pelo trabalho de ressocialização que, tem dois anos e meio, saem preparados para uma nova oportunidade de vida. Essa medalha também é por esse feito”, revelou.

José Raimundo Fialho, produtor rural há 40 anos, residente do município de Breu Branco, Sudeste do Estado, participa do encontro todos os anos. “Estamos esperançosos por um agronegócio com maior potencialidade dos produtos que produzimos. Na minha terra planto maracujá, cacau, tenho bovinocultura do leite e açaí. Com a ajuda dos nossos representantes ao nosso agronegócio, temos a chance de ajudar na economia do Pará”, citou ele, que se considera um paraense, mas é natural do Acre.

Parcerias para fortalecer 

Durante o evento foi exibido um vídeo do diretor da Agência de Desenvolvimento Regional da Romênia, Vasile Asandei, sobre um acordo de cooperação firmado entre a Agência Regional de Desenvolvimento do Nordeste da Romênia e a Federação de Agricultura e Pecuária do Pará.

Para ofertar cursos e possibilitar a utilização de mão de obra carcerária, a Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado do Pará (Susipe) firmou um termo de cooperação com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e Federação da Agricultura e Pecuária do Pará (Faepa).

A parceria quer garantir a iniciação profissional para os internos e oferecer melhores perspectivas no mercado de trabalho. O documento foi assinado pelo secretário Extraordinário para Assuntos Penitenciários, Jarbas Vasconcelos, pelo superintendente do Senar, Walter Cardoso; e presidente da Faepa, Carlos Xavier.

Jarbas Vasconcelos destacou a importância da parceria firmada. “Tivemos o privilégio de implementar o primeiro plano para transformar as unidades prisionais em unidades produtivas, a partir da parceria com a Faepa. O polo semiaberto da Colônia Agrícola de Santa Izabel está em processo de recuperação, com a participação direta de espaços corporativos de produção feito com os técnicos da Federação”, disse o secretário.

O encerramento do 51º Encontro Ruralista foi palco também da celebração de seis parcerias entre o Governo do Estado e a Federação da Agricultura e Pecuária do Pará (Faepa), dentre eles, o que irá viabilizar a implantação do Programa “Cinturão Verde” e outras ações de fomento e desenvolvimento das cadeias produtivas.

“Estou feliz de estar na casa do campo paraense para discutir e encontrar soluções para o tornar Estado cada vez mais protagonista de suas vocações”, destacou o governador Helder Barbalho. “Festejo as parcerias do Governo com a Federação da Agricultura e Pecuária do Pará – Faepa e tantos outros órgãos fundamentais, como o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – Senar, a Universidade Federal Rural da Amazônia – Ufra, compreendendo a grandeza do desafio que temos para construir as condições de aperfeiçoamento das atividades do campo. O mundo globalizado nos exige qualidade e competitividade, e não poderemos ter êxito de forma isolada”, reconheceu.

A titulação e legitimidade das terras, a paz no campo e o investimento na qualificação técnica do produtor rural foram alguns dos temas destacados pelo Governador do Estado, Hélder Barbalho, em seu discurso, que parabenizou a Faepa pelo evento. “O incentivo ao agronegócio aumenta o Produto Interno Bruto (PIB) do Estado e consequentemente do Brasil. Novas iniciativas geram alternativas econômicas. E quem faz a atividade rural necessita de ações de desburocratização e investimentos em logística, infraestrutura, a construção de novos portos e estradas” destacou.

Durante o evento, foi entregue pelo presidente da Faepa ao Banco do Estado do Pará (Banpará) uma carta de intenções para a construção de 250 unidades indústrias processadoras de cacau para a verticalização da produção de chocolate no Estado. A diretora geral do Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado do Pará (Ideflor-bio), Karla Bengtson; o secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Educação Profissional e Tecnológica (Sectet), Carlos Maneschy; o reitor da Ufra, Marcel Botelho; o presidente do Banpará, Brasilino Assunção; e o presidente da Imprensa Oficial do Estado, Jorge Panzera, participaram das assinaturas dos convênios firmados.

No encerramento do evento, Carlos Xavier, presidente da Faepa, agradeceu pela presença de todos e salientou a importância das parcerias firmadas. “Nossa conclusão é a de que, juntos, setor produtivo e governo, conseguirão potencializar os resultados do agronegócio em nosso estado”, declarou reforçando que parte dos protocolos firmados tiveram processo iniciado ainda durante as gestões de Helder enquanto ministro do Governo Federal.

Também estiveram presentes no evento o secretário da Sedap, Hugo Suenaga e o diretor da Adepará, Sálvio da Silva.

O Encontro Ruralista, promovido pelo Sistema Faepa/Senar/ Sindicatos com apoio da CNA, é um dos maiores eventos de líderes sindicais do Brasil e reuniu autoridades e convidados em um objetivo comum: repensar o agro com maior responsabilidade.

A próxima edição acontecerá no segundo semestre.

Para ter acesso a galeria de imagens do evento, acesse: https://mega.nz/#F!ahc31S4B!er92fimjiOrPx4Oe1_tkXA