A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) divulgou no dia 8 de outubro, um estudo inédito com o panorama da situação das estradas vicinais no Brasil. O levantamento aponta os investimentos necessários para a recuperação dessas vias, estima os custos econômicos e ambientais gerados pelas más condições de conservação e apresenta recomendações para reverter o cenário atual.
No Estado do Pará, a malha vicinal possui cerca de 102 mil km; com 18,5 mil km de estradas terciárias, essenciais para a conexão com as redes estadual e federal. O estudo da CNA identificou 15 das 22 microrregiões paraenses como prioritárias para investimento em infraestrutura viária, considerando a importância da produção agropecuária.
A demanda anual de recursos para melhoria das estradas terciárias no Pará é de R$ 526,02 milhões, sendo: R$ 459,37 milhões (87,33%) para adequação da malha precária e R$ 66,64 milhões (12,67%) para manutenção da malha em bom estado.
“A relevância desse estudo está em apontar as regiões que mais demandam investimentos, com o objetivo de melhorar a logística e o escoamento da produção no nosso estado, levando em conta as particularidades produtivas de cada área analisada”, destaca o presidente do Sistema Faepa/Senar, Carlos Xavier.
A bovinocultura é o setor mais relevante, presente em 11 microrregiões, com destaque para São Félix do Xingu – com o maior rebanho bovino do Brasil, seguido de Parauapebas, Redenção, Marabá e Tucuruí. Outras regiões também se destacam por sua diversidade produtiva:
Incluindo também as estradas não classificadas, o custo sobe para R$ 2,207 bilhões anuais, com Altamira, Paragominas, Parauapebas, São Félix do Xingu e Itaituba liderando em demanda de investimentos, devido à sua grande extensão territorial e rede vicinal.
As microrregiões paraenses apresentam diversificação produtiva relevante: Guamá combina bovinocultura, lavouras permanentes e temporárias, além da fruticultura, com destaque para a laranja em Capitão Poço; Altamira reúne bovinocultura, fruticultura — com destaque para a banana em Medicilândia, 4ª maior produtora do Brasil — e lavouras temporárias; Paragominas alia bovinocultura à produção de madeira, soja e milho; Cametá se destaca pela bovinocultura e fruticultura, especialmente o açaí em Igarapé-Miri; Tomé-Açu e Bragantina se sobressaem pelas lavouras permanentes e temporárias, com ênfase na mandioca; e, por fim, Óbidos, Santarém e Itaituba apresentam produção baseada em lavouras temporárias e bovinocultura.
Recomendações – No estudo “Panorama das Estradas Vicinais no Brasil”, a CNA apresenta recomendações para viabilizar a transformação da malha vicinal em vias eficientes e estruturadas.
Entre as propostas, estão medidas para aprimorar a logística de distribuição de materiais, fortalecer a articulação entre os setores público e privado e criar canais diretos de comunicação com os produtores rurais, de modo a facilitar o registro e o atendimento das principais demandas relacionadas com as estradas. O estudo também destaca a importância de melhorar a eficiência operacional com capacitação de mão-de-obra e a formação de equipe técnica especializada na gestão e manutenção de estradas vicinais.
O Panorama também defende a criação de planos estruturados voltados à manutenção e readequação dessas vias, como a aprovação do Projeto de Lei n.º 1146/2021 (criação da Política Nacional de Mobilidade Rural e Apoio à Produção – Estradas da Produção Brasileira) e a efetiva implementação do Programa Nacional de Estradas Vicinais (Proner), do Ministério da Agricultura, que tem como um dos focos a manutenção dessas estradas.
Link do estudo: https://cnabrasil.org.br/storage/arquivos/pdf/Panorama_Estradas_Vicinais_Brasil.pdf