O 62º Encontro Ruralista do Pará foi iniciado nesta terça-feira (03) no Edifício Palácio da Agricultura, em Belém, com objetivo de reunir lideranças do setor agropecuário para debater a produção sustentável e traçar metas visando a realização da COP 30, em novembro de 2025, na capital paraense. O evento, que reúne cerca de 700 pessoas, é uma realização do Sistema Faepa (Federação da Agricultura e Pecuária do Pará) / Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural no Pará ), e Sebrae no Pará.
“Hoje somos nove milhões de pessoas morando na Amazônia, e temos muitas angústias como o baixo desenvolvimento humano, por exemplo, e hoje nós estamos aqui porque o mundo inteiro vai vir para Cop 30 e nós precisamos mostra a nossa realidade. Estamos mostrando para sociedade que o agro é positivo, e disseminando isso para todos os parenses, para que todos saibam o que estamos aqui discutindo sobre esse assunto”, disse o presidente da Faepa, Carlos Xavier, durante a abertura do evento. Ainda na oportunidade, logo após o início das atividades, foi realizada a prestação de contras da Faepa, Senar e Fundepec.
Agropecuária
O público que participou do evento ouviu a palestra do pesquisador e ecólogo Evaristo de Miranda, que teve como temática “Amazônia e Pará: uso da terra, gestão territorial e desenvolvimento”. O estudioso disse que o Brasil precisa conhecer a Amazônia e o Pará, pois ainda há muitas dúvidas sócio-ambientais sobre a vasta região, e que os agricultores na Amazônia são invisíveis para o País.
“Nós temos mais de um milhão de unidades rurais cadastradas dentro do Bioma Amazônia, 39% deles estão no Pará, com 423.491 unidades. Só que para as esferas públicas, algumas instituições e a mídia, a agricultura na Amazônia não existe. E essa realidade é ruim para as discussões da COP 30. Essa invisibilidade é preocupante, pois se você não é visível, politicamente você não existe”, observou o pesquisado.
Por fim, Evaristo de Miranda propôs ainda que a Assembleia Legislativa do Pará e a Câmara de Vereadores de Belém possam juntas criar um documento que defenda a soberania política, desenvolvimento econômico o e meio ambiente do Estado, com vistas a atividade agropecuária, em relação a COP 30.
A agricultora Melena Janaú, que planta abacaxi no município de Salvaterra, no arquipélago do Marajó, participa do evento pela primeira vez. “Nós plantamos abacaxi e estamos passando por uma calamidade muito grande lá em Salvaterra, pois não está chovendo. Então acredito que juntos podemos encontrar uma solução. Isso já faz parte da mudança do clima então viemos para cá com o intuito de aprender mais com os palestrantes, né? Espero poder levar muitas informações para nossa comunidade”, disse ela.
Medidas
Em seguida, o presidente da Comissão Nacional dos Assuntos Fundiários do CNA, Marcelo Bertoni, falou ao participantes sobre as medidas adotadas pela Confederação para equacionar os impactores recorrentes das recentes normativas de natureza fundiária. O palestrante também falou sobre a importância do marco temporal para reconhecer as terras indígenas.
“A gente sabe que o marco temportal é importante pra muitas redes no Brasil, e hoje tá sendo discutido isso no STF, então estamos tentando manter o marco temporal, mas não estamos sabendo qual é a decisão do STF. Nós só sabemos que a decisão nem sempre vai ser a contento de todos os gostos, mas estamos lá dentro pra discutir isso”, pontuou ele.
Marcelo Bertolini ressaltou ainda que as dicussões são importantes, uma vez que, a Amazônia cai receber pela primeira vez, em 2025, a conferência sobre o clima. “Acho importantíssima a realização da COP30 na Amazônia, já que nós do setor produtivo, vamos ter que trazer cases de sucesso, para contrapor dados que muitas vezes não são verdadeiros. Então é preciso alinhar esses discursos, pois os estrangeiros não conhecem a nossa realidade, a realidade do Brasil”, completou.
Propostas COP 30
Pela parte da tarde, a Faepa apresentou propostas para o desenvolvimento sustentável do Estado, com vistas a COP 30, criadas pelo Grupo de Trabalho da COP 30. De acordo com Quésia Pavão, integrante do GT, o posicionamento da entidade é a trabalhar com a ideia de reciprocidade ambiental internacional.
“A reciprocidade nas relações internacionais é essenecial para equilibrar o diálogo, e isso é inegociàvel. Nós já fazemos uma agricultura sustentável, mas isso precisa ser falado e explicado ao público, que tem nos criticado bastante. Nós já fazemos o uso do manejo sustentável, por exemplo, e também já fazemos uma agricultura de baixo carbono”, observou Quésia.
Entre as propostas apresentadas estão a criação do programa Capacita Agro COP 30, que vai oferecer cursos e treinamentos para produtores ruais nos eixos de Turismo Rural e Gastronomia, entre outros. Também foi apresentado o projeto da Casa Agro, em Belém, onde devem ser realizados os cursos.
Voltado ao jovens, o projeto Jovens Embaixadores do Agro também terá como objetivo mapear lideranças do agro nas cadeias produtivas para fomentar o debate, além de potencializer essas lideranças como novas vozes na área. Os trabalhos devem ser iniciados em janeiro do próximo ano e devem seguir até junho, de forma gratuita.
Investimentos
Secretário Estadual de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca, Gioavnni Queiroz, destacou as ações do Governo do Pará na área rural, principalmente no beneficiamento de cacau.
“Hoje já somos os maiores produtores de cacau produzido no Brasil e no mundo, nós temos que resgatar essa fonte de renda extraordinária para nosso agricutltor produzir e ganhar dinheiro. Essa é a nossa vocação”, disse ele.
Ainda no primeiro dia, o evento destacou a efetiva participação feminina no agronegócio, com a posse de novas comissões das Mulheres do Agro, presidida pela produtora rural Cristina Malcher. Nesta quarta-feira (04), o 62º Encontro Ruralista do Pará deve debater
a COP 30 e a produção sustentável das diversas cadeias produtivas do agro no Pará e na Amazônia.