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O açaí é uma fruta tipicamente brasileira, cultivada na região amazônica do país. Conhecido por ser uma das fontes de alimentos mais ricas em energia, o açaí nasce em palmeiras que podem atingir mais de 20 metros de altura. A planta produz cerca de quatro cachos da fruta por ano.

Cada região do Brasil tem uma forma de consumir o açaí. A que ficou mais conhecida foi a polpa, que batida com guaraná e acrescida de outras frutas e guloseimas, se torna uma opção de alimento refrescante. E para tomar 500 ml de puro açaí, é preciso 3 quilos de fruta com caroço, mais ou menos um cacho.

O estado do Pará lidera a produção e a exportação mundial da fruta. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2018, o estado produziu, em uma área de quase 200 mil hectares, 1,4 milhão de toneladas de açaí (95% do total Brasil).

A novidade dos últimos anos é o açaí cultivado, diferente do tradicional nativo e de sua enorme palmeira. “O açaí não é uma plantação de soja, milho, arroz ou feijão, que tem uma receita. O açaí não tem um estudo que diz qual distanciamento das plantas, variedade e adubação. Não existe algo em que a gente possa dizer: vou fazer e vou colher”, afirmou o produtor de açaí cultivado, Realdo Spanholi.

 

Produtor rural Realdo Spanholi

A propriedade de Realdo está localizada no município de Santarém (PA), que fica na Amazônia Legal, área formada por nove estados. Pelo Código Florestal Brasileiro, as propriedades rurais em áreas de floresta precisam manter 80% de vegetação nativa, incluindo Reserva Legal e Área de Preservação Permanente (APP). Por ser uma planta nativa do bioma, o produtor fez o reflorestamento com açaí. Atualmente são 40 mil pés.

“Eu sou paranaense, nascido em Cascavel, no Paraná, mas o meu futuro está aqui. Eu quero que os meus filhos mexam com isso. Há cinco anos eu idealizei e falei: vou fazer. Vi um espaço, um nicho muito grande no comércio, muita procura do açaí e pouca gente preocupada em plantar”, explicou.

O açaí de Realdo Spanholi é comercializado em sacas de 28 quilos no estado do Pará. Muitos compradores de Santarém vão até a fazenda buscar o fruto.

“Hoje a maior parte abastece os municípios de Santarém e Mujuí. O resto, a gente exporta para outros estados. O açaí já foi para o Mato Grosso, Cuiabá e Brasília, via carga aérea”, disse o parceiro de vendas de Realdo, Airton Keire.

Ao contrário dos açaizeiros das várzeas, os cultivados merecem mais atenção. O produtor Realdo plantou cada muda com uma distância de 2,60 por 4 metros. A forma de plantar é diferenciada, pois a plantadeira de mudas é artesanal, criada pelas mãos do produtor. “Eu achei que era o ideal e tenho trabalhando em cima disso”, disse.

 

Além de mudar o sistema de irrigação por gotejamento para microaspersão, o próximo sonho de Realdo e sua família é vender o açaí em formato de milkshake, uma maneira de adaptar o que o Sul e o Sudeste já fazem. A ideia surgiu depois que Realdo criou o ônibus “motohome jabuti do asfalto” para as viagens com a família.

Sistema de irrigação por gotejamento na propriedade de Realdo

De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o consumo de açaí aumenta 15% a cada ano, com destaque para a região Sudeste. Já no mercado externo, os maiores consumidores do açaí brasileiro são os Estados Unidos e Japão. Juntos, importam mais de 90% do total, segundo dados de 2019, da Embrapa.

“O açaí é um dos produtos que mais tem crescido suas exportações nos últimos anos. No Brasil, é uma fonte de renda fundamental para os produtores da região Norte, principalmente a população ribeirinha. É uma cultura sustentável e a fruta, quando processada, agrega valor ao produto”, afirmou o presidente da Comissão Nacional de Fruticultura da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Luiz Roberto Barcelos.