Escolha uma Página

Campo comemora avanços nas cadeias produtivas

Neste dia 28 de Julho comemoramos o Dia do Agricultor! A data foi instituída em 1960, pelo então presidente Juscelino Kubitschek, para comemorar os 100 anos da criação do Ministério da Agricultura. Muita coisa mudou desde essa época: a ciência, a tecnologia e o empreendedorismo inerentes aos agricultores brasileiros transformaram a arte de produzir alimentos.

Tanto é assim, que a produção agrícola paraense expandiu muito nos últimos 10 anos. Mas não é só nisso que se baseia o agro do Pará. Do algodão da roupa, passando pelo etanol do seu carro, até o pãozinho de cada dia, passam pelas mãos do agricultor.

Quem trabalha no campo, trabalha para todos, afirma o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Pará, Carlos Xavier. “A Importância do agricultor vai muito além de colocar um alimento em sua mesa. Além de produzir alimentos, o agricultor é responsável por produzir matéria-prima para inúmeros insumos que você consome no dia a dia. O papel, a borracha e o lápis que você utilizou só estavam disponíveis porque algum agricultor trabalhou arduamente plantando árvores, como eucalipto e pinus, por exemplo. O mesmo sentido vale para sua roupa que precisa do algodão, seus móveis que precisam da madeira legal, enfim, todos os produtos de nosso dia a dia têm uma ligação com o campo”, menciona.

No Pará, em uma década, por exemplo, algumas cadeias produtivas tiveram expansão da produção agrícola.

 

Cacau – O cacau obteve aumento de produção em 169,3% – passando de 43.207 toneladas em 2007 para 116 mil toneladas em 2018 – sendo a Federação da Agricultura e Pecuária do Pará (Faepa) uma das maiores incentivadoras para fortalecer a produção do fruto e comercialização de chocolate com a criação da Escola-Indústria, um projeto desenvolvido pelo Sistema Faepa/Senar em parceria com o Governo do Estado, através do Fundo de Desenvolvimento da Cacauicultura do Pará (Funcacau), criado para capacitar o produtor rural. O projeto, que é o primeiro em nível nacional, irá verticalizar a produção do cacau no Estado, atualmente o maior produtor mundial da amêndoa.

“Somos o maior produtor de cacau do mundo, produzindo cinco vezes mais que a Bahia, o segundo maior produtor. Entretanto, exportamos 99% da nossa amêndoa, por isso desenvolvemos este revolucionário projeto, para que também sejamos responsáveis pelo beneficiamento e, com isso, consigamos movimentar ainda mais essa cadeia produtiva e contribuir para o desenvolvimento do nosso Pará, através da criação de novos empregos e renda para a população”, conta o presidente.

O projeto prevê a instalação de seis unidades piloto para a produção de chocolate nos municípios de Altamira, Cametá, Castanhal, Igarapé Miri, Medicilância, além de uma unidade móvel.

Produtor de cacau desde a década de 70 em Tomé-Açu, Michinori Kongano, conta que 80% da produção do cacau que produz são exportados para o Japão e utilizados na produção de chocolates 50% e 80% cacau. Ele conta que o município de Medicilândia é o que mais produz o fruto no Estado, pois está localizado na região da Transamazônica, local que possui solo favorável com as chamadas terras roxas.

“Em Tomé-Açu adotamos o sistema florestal que visa ações de sustentabilidade, assim como o lado social, econômico e ambiental. Com florestas implantadas e preservação, temos colheita durante os doze meses do ano, o que possibilita distribuição de renda e mão de obra que trabalha na sombra. O uso de pesticida é baixo e não há praticamente erosão e sem queimadas”, explica.

Citricultura – No que se refere a produção de laranja em dez anos houve aumento na produção em 36,3%, sendo que em 2007 a produção apontava para 210 mil toneladas e em 2017 o número subiu para 286 mil toneladas. O limão teve aumento de 859,1%: 8 mil toneladas (2007) para 82 mil toneladas (2017).

Segundo os citricultores, 90% de toda área plantada está no município de Capitão Poço, o que equivale a 16 mil hectares de citrus, sendo que 80% é de laranja e o restante de limão e tangerina. A estimativa é que existam cerca de quatro mil produtores trabalhando com a plantação de frutas cítricas em Capitão Poço e demais localidades. Hoje, a citricultura, é a principal fonte de renda do município.

O produtor de laranja e limão de Capitão Poço, Adriano Ramos explica que o Estado possui solo e clima favorável para produção de frutas cítricas e que a cada ano a produção no município está cada vez maior. “A laranja do tipo pêra rio é uma das preferidas dos brasileiros, de Capitão Poço ela é vendida no Maranhão, Piauí e Ceará”, destaca.

Soja e milho – Em dez anos a produção de soja no Estado do Pará subiu em 959,7%. Em 2007, a produção era de 154 mil toneladas e em 2017 foi para 1, 6 milhões de toneladas.  Ao todo, 68,9% foi o valor do aumento da produção de milho no Pará, em uma década. Em 2007 a produção era de 516 mil toneladas e em 2017 foi de 872 mil toneladas.

Segundo o coordenador do Polo de Grãos de Tailândia, Julival David, em 2017 e 2018 a produção de milho e de soja em Tailândia atingiu 25 mil hectares. A estimativa é que em 2019 e 2020 chegue a 50 mil hectares.

“A maioria da produção de milho e de soja é exportada para países asiáticos, que utilizam o produto para ração animal. O mercado interno é baixo, mas no estado do Pará o maiores consumidores são as empresas de avicultura localizadas em  Santa Izabel do Pará”, disse e informou ainda que ao todo o estado do Pará possui quatro polos de Grãos nos municípios de Paragominas, Santana do Araguaia, Santarém e Tailândia.

Açaí – A produtora rural do município de Igarapé Miri, Darlene Pantoja, falou da importância do apoio do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) na região, pois através do programa de capacitação e dos cursos profissionalizantes é possível maior geração de emprego e renda para os produtores locais.

“A parceria do Senar é muito importante para o município, pois beneficia os produtores rurais ensinando técnicas e melhorias para o cultivo do açaí. Em 2018, realizamos mais de 20 cursos profissionalizantes que foram imprescindíveis para o crescimento da economia e potencialização da produção. Aqui na região temos cinco fábricas que comercializam o fruto para outras cidades e até mesmo para fora do Brasil”, ressalta Darlene.

Com grande consumo pelos paraenses, e com o surgimento de novos adeptos pela Brasil, a produção de açaí teve aumento significativo em dez anos: 156,2%. Em 2017 a produção era de 497 mil toneladas e em 2017, 1,2 milhões de toneladas.

Dendê – O óleo de palma está em tudo. Está na pizza, no sorvete, na margarina, no cosmético e no detergente. Seu uso como biocombustível também já é uma realidade. É o óleo vegetal mais versátil e sua demanda tem aumentado de modo impressionante nas últimas décadas. Atualmente, o óleo de palma responde por 1/3 da produção global de óleos vegetais, com perspectiva de incremento. Trata-se de uma cultura perene, com ciclo produtivo de 30 anos, cujo processo de extração é mecânico (sem usar solventes).

O Brasil é o quinto maior produtor mundial, e o Pará responde por mais de 85% da produção nacional, com 207 mil hectares. No Estado, a cadeia produtiva estende-se por 23 municípios, estabelecida a partir de salvaguardas socioambientais, rígidas exigências de certificação e obrigatoriedade de recuperar áreas já degradadas.

Para Roberto Yokoyama, presidente da Associação Brasileira de Produtores de Óleo de Palma (Abrapalma) “essas condições podem fazer do Brasil um caso de sucesso para o óleo de palma no mundo. É nesse futuro que acreditamos e nele estamos trabalhando para que o mundo seja melhor para as futuras gerações”, afirma Yokoyama.

Em dez anos o dendê teve aumento de 87,9%, sendo que em 2007 a produção gerava 869 mil toneladas e em 2017 subiu para 1, 6 milhões de toneladas.

Produtos que mais expandiram sua produção no Pará em 10 anos*

Alimento 2007 2017 Aumento%
Cacau 43.207 toneladas 116.358 toneladas 169,3%
Laranja 210.360 toneladas 286.786 toneladas 36,3%
Limão 8.624 toneladas 82.719 toneladas 859,1%
Soja 154.015 toneladas 1.632.115 toneladas 959,7%
Milho 516.032 toneladas 872.065 toneladas 68,9%
Açaí 497.163 toneladas 1.274.056 toneladas 156,2%
Dendê 869.771 toneladas 1.634.476 toneladas 87,9%

Fonte: IBGE