A aluna de Gestão Ambiental da Faculdade CNA, Andreza Pereira de Almeida, apresentou o artigo “Transporte ferroviário: análise da evolução do volume de cargas agropecuárias versus o minério de ferro (2006-2019)” no 59º Congresso da Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural (Sober) e 6º Encontro Brasileiro de Pesquisadores em Cooperativismo (EBPC), na quarta (4).
O trabalho, que tem como coautora a professora da Faculdade CNA e assessora técnica da CNA, Elisangela Pereira Lopes, foi destaque no grupo de trabalho sobre governança e gestão do agronegócio.
A pesquisa analisou a evolução do modo de transporte ferroviário brasileiro no escoamento de produtos agropecuários a partir de dados da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
O objetivo foi comprovar que o modo de transporte ferroviário continua sendo priorizado no escoamento de minério de ferro e que não houve avanços significativos na matriz de transporte de grãos, provocando maiores custos logísticos e resultando em perda de lucratividade para os produtores rurais.
Segundo a análise da distribuição de cargas transportadas em 2019, foi possível observar a expressiva presença do minério (76,7%), seguido do agronegócio (16,4%) e da indústria siderúrgica (3,3%).
“Ficou evidente a distribuição desigual e a perpetuação do monopólio da distribuição de cargas desde 1997. No Brasil, grande parte dos trechos ferroviários é operada por empresas mineradoras, apesar da produção de grãos ser o atual destaque do PIB brasileiro”, afirmou Andreza.
Outro dado avaliado foi o investimento público no setor de transportes por modal. Em 2020, o rodoviário recebeu 72% dos recursos, enquanto o ferroviário ficou com apenas 4,1% do montante.
A partir disso, o estudo apontou as principais ações que resultarão na destinação de parcela maior de mercado para o agronegócio. Entre elas, destaca-se a adoção de mecanismos de garantia da competitividade na prestação de serviços ferroviários – como o direito de passagem e tráfego mútuo – e a destinação de novos investimentos públicos e privados para construção e recuperação de linhas férreas destinadas ao transporte de grãos das regiões de novas fronteiras agrícolas.
O trabalho também ressaltou que a discussão sobre a introdução da agricultura 5.0 deve ser estruturada levando em consideração os processos logísticos e a importância dos investimentos feitos por tradings do setor em trechos ferroviários – como o Ferrogrão, com 930 quilômetros entre Sinop (MT) e Miritituba (PA).
As autoras alertaram, ainda, que o formato contratual das concessões não estimula a entrada de novos investidores e nem a concorrência e que as receitas dos produtores rurais brasileiros ainda são muito consumidas por gastos logísticos. Para sanar esse problema, elas recomendam que sejam realizados investimentos na melhoria e expansão deste modo de transporte, a fim de tornar o agronegócio brasileiro mais competitivo frente ao mercado internacional.
“É necessário um programa de governo voltado para essa matriz de transporte, assim como é essencial a aprovação do Projeto de Lei do Senado nº 261/2018, que prevê incentivos para investir em ferrovias, simplifica a exploração de linhas que estão ociosas e prevê instrumentos de forma a aumentar a oferta de transporte ferroviário no País”, disse Elisangela.
Sober – O evento acontece, no formato virtual, até o dia 6 de agosto e tem como tema “Ações coletivas e resiliência: inovações políticas, socioeconômicas e ambientais”.
A CNA é uma das patrocinadoras do congresso e participará das reuniões dos grupos de estudos sobre “Produtos artesanais e sustentabilidade”, hoje (5), e “Seguros rurais para o desenvolvimento da agropecuária brasileira: percepção dos produtores e demandas setoriais, análise de impactos das políticas públicas, tendências e previsões”, amanhã (6).