Escolha uma Página

Encontro Ruralista online discute agronegócio na pandemia

Videoconferência reuniu convidados e lideranças sindicais on line em 10 Núcleos Regionais

O agronegócio foi o único setor da economia que cresceu durante os últimos meses. Apesar da pandemia, o PIB do setor agropecuário teve alta de 3,3% no primeiro trimestre deste ano em comparação com o mesmo período de 2019, puxado principalmente pela alta de preços e por expectativas de maior produção. É o que mostra o estudo do PIB divulgado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). O estudo mostrou, de janeiro a março de 2020, elevações nos segmentos primário (5,85%), serviços (3,53%), agroindústria (1,41%) e insumos (0,43%). Tanto a pecuária quanto a da agricultura tiveram crescimento no acumulado do primeiro trimestre, de 6,11% e 1,91%, respectivamente.

A situação atual foi discutida na quinquagésima terceira edição do Encontro Ruralista que reuniu online convidados e lideranças sindicais nesta terça-feira, 16 de junho, das 8h30 às 18h. O formato 100% digital do evento é uma novidade em tempos de distanciamento social. Realizado no auditório do Ed. Palácio da Agricultura, sede do Sistema Faepa/Senar, Belém, o evento foi transmitido nas sedes dos dez Núcleos Regionais do estado do Pará, ocasião em que estiveram presentes as lideranças sindicais de cada região, seguindo todas as recomendações da OMS.

Após a instalação da Assembleia Geral do Conselho de Representes da Faepa, o evento teve como destaque painéis sobre o programa Abrace Marajó, Assistência Técnica e Gerencial, Agro: opção de alavancagem da economia brasileira, Desafios tecnológicos e oportunidades para o agro pós pandemia, Regularização Fundiária, programa Forma Pará, programa Pró Pará – Agronegócio Competitivo, e contou, durante toda a programação, com a interação dos presidentes de Sindicatos de Produtores Rurais através dos Núcleos Regionais.

O presidente da Faepa, Carlos Xavier, o vice presidente, Vilson Schuber, o diretor Ribamar Sizo, e o superintendente do Senar, Walter Cardoso, conduziram os trabalhos de abertura do encontro. Os painéis tiveram a presença da assessora técnica da Faepa, Eliana Zacca, do presidente da ACP, Clóvis Carneiro, do gerente regional da ATeG, Dácio Carvalho, do superintendente técnico da CNA, Bruno Lucchi, do coordenador de Inovação do Sistema CNA/Senar, Matheus Ferreira, do secretário de Ciência e Tecnologia e presidente da Fapespa, Carlos Maneschy, do presidente do Iterpa, Bruno Kono e do secretário de Estado de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca, Hugo Suenaga.

O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) está adequando o Programa de Assistência Técnica e Gerencial – ATeG para fortalecer seu atendimento, uma vez que o distanciamento social é fundamental para prevenir o contágio pelo coronavírus. O gerente regional da Assistência Técnica e Gerencial do Senar Pará, Dácio Carvalho, revelou dados do atendimento do programa durante a pandemia e mostrou algumas diretrizes para que supervisores, técnicos e produtores possam ser preparados para essa nova realidade. No Pará, a ATeG Leite promoveu, além da consultoria especializada ao produtor rural, lives no perfil do Instagram e distribuição de máscaras. Em abril, o Senar lançou uma série de vídeos para oferecer orientações de Assistência Técnica e Gerencial a produtores rurais que começariam a receber o atendimento presencial, que foi readequado diante da pandemia do coronavirus. A série contém nove vídeos. Os temas são: o que é a Assistência Técnica e Gerencial (ATeG); o que os produtores rurais podem fazer enquanto a ATeG não começa; diagnóstico produtivo individualizado; planejamento da atividade rural; adequação tecnológica; formação profissional complementar; avaliação dos resultados; estrutura e a metodologia da produção assistida. Os vídeos podem ser visualizados no Canal do Sistema CNA/Senar no Youtube:

O superintendente Técnico da CNA, Bruno Lucchi, destacou as ações do Sistema CNA/Senar para manter a produção de alimentos no país. Ele falou sobre a atuação da Confederação junto ao governo federal para minimizar os impactos da crise com o novo Coronavírus para os produtores rurais, como a Edição da MP 926 e do Decreto 10.282, que definem a alimentação como atividade essencial durante a quarentena; Garantia na produção de alimentos, comercialização e transporte de cargas; dentre outras.

Em sua apresentação “Agro: opção de alavancagem da economia brasileira”, Bruno fez um diagnóstico da situação atual mostrando queda na renda devido à crise do Covid-19 em algumas regiões, alta dos custos de produção, falta de liquidez e dificuldade de acesso ao crédito. O superintendente Técnico da CNA comentou a respeito das resoluções publicadas pelo Banco Central para prorrogar financiamentos e reduzir a burocracia e disse que determinados bancos não estão cumprindo normas para prorrogar dívidas dos produtores, que é preciso dar efetividade às resoluções 4.801 e 4.802, facilitar acesso ao crédito, auxiliar os setores que estão em situação mais crítica, entre outras medidas. Bruno destacou traz quatro pontos principais: 1. redução da taxa de juros do crédito rural; 2. desburocratizar e reduzir os “custos de observância”; 3. aumentar o funding de financiamento para a agropecuária e 4. crédito e seguro rural.

Já o coordenador de Inovação do Sistema CNA/Senar, Matheus Ferreira, destacou as iniciativas tecnológicas para ampliar a comercialização dos produtos do Agro no cenário de pandemia e posteriormente. Na visão de Matheus, o Brasil já vem registrando evolução nas áreas de inovação dentro das empresas e instituições do setor agropecuário. Segundo ele, o país é referência e não precisa mais importar tecnologias, mas tem um desafio muito grande que é levar essas inovações e informações ao máximo possível de produtores rurais, principalmente os pequenos e médios.

O coordenador de Inovação do Sistema CNA/Senar acredita que ferramentas de e-commerce, startups da logística que facilitem o transporte entre produtores rurais e consumidores finais e o setor de alimentos prontos são tendências impulsionadas pela pandemia que deverão continuar em crescimento. Itens já consolidados, como rastreabilidade, certificação e confiança do produto seguirão em valorização. Ele também destacou que já estão sendo utilizadas criptomoedas no setor, uma novidade que pode gerar garantia nas negociações em marketplaces. Tecnologias de inovação na entrega de produtos que ainda não estão em uso no Brasil, mas que já são realidade em outros países, como o uso de robôs e drones, são outra possibilidade para o futuro.

Com essa visão, o Sistema CNA/Senar lançou a plataforma Mercado CNA e desenvolve iniciativas como a Rede Nacional de Inovação para o Agronegócio (Agroup). Um ponto fundamental para que os produtores rurais possam se adaptar e aproveitar essa nova realidade é a Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) do Senar. “Para investir em tecnologia, o produtor precisa sobreviver e ter lucro. O papel da ATeG é fundamental dentro do processo de produção e, cada vez mais, ganha importância na gestão e na comercialização”, declarou Matheus.

Ainda sobre comercialização, o coordenador de Inovação do Sistema CNA/Senar destacou o projeto Feira Segura e a Plataforma de Comércio Eletrônico do Sistema CNA/Senar, disponível em mercado.cnabrasil.org.br. “Acreditamos que essa plataforma vai ser um dos principais legados dessa crise. Ela surgiu como alternativa de canal de comercialização para o produtor garantir o alimento à população brasileira nesse período”.

Mercado CNA – (www.mercadocna.com.br) oferece uma plataforma de comércio eletrônico para aproximar produtores rurais e consumidores onde é possível fazer o cadastro de acordo com o perfil do interessado, seja produtor rural, associação ou cooperativa que queira vender; quem deseja comprar direto do produtor rural, ou ainda quem é prestador de serviço logístico ou possui uma loja virtual.

Guia – O produtor rural também tem à disposição um guia com orientações sobre como comercializar seu produto pela internet. A publicação traz informações sobre embalagem, volume e peso, além de dicas de como tornar o produto mais atrativo para o consumidor. Para baixa-lo, clique https://cnabrasil.org.br/assets/arquivos/2Guia_Mercado_CNA.pdf.

Feira Segura – No Programa Mercado CNA o produtor rural também conta com a Feira Segura, iniciativa que estimula a realização de feiras livres em todo o País seguindo as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) para evitar o contágio por coronavírus. A ideia é que comercializem seus produtos diretamente em bancas de feira, posicionadas com distância mínima de 1,5 metro uma da outra e também pelo sistema de drive thru, sem manuseio dos alimentos, com embalagens apropriadas para cada tipo de produto e com a higienização adequada das máquinas de cartão. Saiba mais sobre a Feira Segura, acesse: https://www.cnabrasil.org.br/feira-segura .

O secretário de Ciência e Tecnologia e presidente da Fapespa, Carlos Maneschy, participou do encontro e falou sobre o Projeto Forma Pará, ação do Governo do Pará, realizada por meio da  Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Educação Profissional e Tecnológica (Sectet) e da Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa), com a parceria de Instituições de Ensino Superior (IES) públicas e prefeituras municipais. Na oportunidade, o secretário esclareceu sobre o projeto, destacando que este tem como principal objetivo diminuir o déficit de formação superior e tecnológica nos municípios paraenses. Para tanto, busca-se dar oportunidade de acesso ao ensino superior a pessoas que residem em municípios onde não existem campi universitários ou onde os polos das instituições públicas não oferecem o curso demandado pela população.

Maneschy ressaltou também a Programa Startup Pará – Estratégia Estadual para o Empreendedorismo de Base Tecnológica, que  visa apoiar projetos, ainda que em fase de ideação, voltados à criação e implementação de soluções, métodos e processos de base tecnológica, que explorem a inovação e a cultura empreendedora como instrumento estratégico para contribuir com o desenvolvimento sustentável do Estado, viabilizando o surgimento de novas empresas inovadoras capazes de promover a geração de negócios de maior valor adicionado, descortinando alternativas de emprego com melhores salários e a possibilidade da formação, atração e fixação de recursos humanos mais bem qualificados. De maneira específica, o programa vai também investir em startups, cujos projetos se encontrem em condições de escalar o seu modelo de negócios já consolidado de empresas localizadas no Estado, com atuação voltada, mas não exclusivamente, a áreas temáticas prioritárias. Ao todo, o programa vai investir até R$ 3 milhões de reais em iniciativas inovadoras e startups localizadas no Estado, com atuação voltada a áreas temáticas estratégicas listadas a seguir. Os interessados em participar do programa deverão acessar o Edital de Seleção nas modalidades Novos Negócios e Aceleração no Estado do Pará, que estão disponíveis no site https://startuppara.fapespa.pa.gov.br/

Considerando a relevância do tema para o cenário estadual e nacional, o processo de regularização fundiária foi aprofundado durante a videoconferência com o presidente do Iterpa, Bruno Kono. Tornar eficiente o processo de regularização, mesmo sendo complexo, é uma das responsabilidades da equipe que compõe o instituto, e por isso a organização interna do órgão tem passado por inovações para otimizar os resultados das atividades. Para o titular do Iterpa, a regularização fundiária consegue ser transversal a outros temas e, por isso, deve ser entendida como algo importante a ser melhorado no país. Segundo ele, o serviço faz parte de uma cadeia de relacionamentos que gera inúmeros benefícios ao produtor rural, como segurança jurídica, oportunidade de acesso a linhas de crédito mais avançadas, além de ter uma enorme relação com a questão do desmatamento ilegal. Para Bruno, a regularização fundiária é prioridade para desenvolver as mais diversas cadeias produtivas do agronegócio e reforçar o potencial do setor produtivo rural.

O painel também contou com a participação do secretário de Estado de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca, Hugo Suenaga, que representou o Governador do Estado no encontro, e agradeceu pela oportunidade de interagir com as lideranças de produtores rurais do estado do Pará e comentou orgulhoso a respeito das estratégias de crescimento que estão contribuindo para fortalecer o agro mesmo em cenários de pandemia. “A união dos setores público e privado demonstra a pujança do agronegócio, mesmo em tempos de pandemia”, revela Hugo.

O presidente da Faepa, Carlos Xavier, finalizou o evento, reiterando a importância do setor produtivo rural para promover a transformação da sociedade e agradeceu pela participação de todos. “É através da produção que vamos gerar cada vez mais riquezas e desenvolvimento para o nosso estado e nossa população”, disse.

O Encontro Ruralista é realizado pelo Sistema Faepa/Senar, com apoio do Sistema CNA. A próxima edição do evento deve acontecer no segundo semestre. O encontro on line reuniu lideranças sindicais de 136 sindicatos de produtores rurais e 10 núcleos regionais.