Ao longo de minha existência, como leigo e como liderança sindical, sempre me posicionei claramente em defesa das liberdades públicas, o que inclui a liberdade religiosa. Tanto quanto, como católico que sou jamais me furtei à colaboração efetiva e desprendida às muitas necessidades da Igreja, quer no plano pastoral, quer no âmbito das ações sociais. E invoco o testemunho dos Bispos com os quais sempre mantive um relacionamento respeitoso e fraterno.
No exercício do múnus sacerdotal sempre esperei dos ministros ordenados a ação evangelizadora, levar ao povo de Deus a Palavra e a Eucaristia, síntese maior da presença real de Cristo no mundo. Pregar e dar exemplos do Amor que Jesus nos legou como mandamento maior, como o fazem tantos sacerdotes, independente da hierarquia eclesial, mundo afora.
Não posso compreender uma Igreja, católica ou não, cuja ideologia seja diferente da filosofia ditada pelo Mestre ou que tenha representantes comprometidos com credos espúrios e historicamente anti-cristãos. É impossível crer que possam existir padres ou bispos que incitem a violência, o desrespeito aos direitos fundamentais da pessoa humana, que estimulem a luta armada, o ódio de classes.
Por isso, por comungar das mesmas inquietações e perplexidades, saúdo efusivamente e me solidarizo com o documento encaminhado aos membros da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, assinado pelo professor Hermes Rodrigues Nery na qualidade de Coordenador do Movimento Legislação e Vida, no qual solicita “atenção especial às graves denúncias que vêm sendo feitas sobre a instrumentalização política da Igreja para fins contrários à sã doutrina, e que exigem providências de esclarecimentos, o quanto antes”.
È de meridiana clareza a denúncia contida nessa manifestação que consubstancia o pensamento de CATÓLICOS, religiosos e leigos que integram o Movimento Legislação e Vida e que representa a indignação, a insatisfação e o mal-estar de imensa parcela do povo de Deus que se sente “cada vez mais confusos com discursos ambíguos, atitudes incoentes de muitos clérigos e agentes pastorais que ocupam postos de decisão na Igreja, especial pela falta de sintonia de tais discursos e atitudes com o Magistério da Igreja.”
A fundamentação doutrinária e os exemplos apresentados na Carta aos Bispos e Cardeais são merecedores de aplausos e apontam, profeticamente, para os perigos iminentes de fraturas no corpo eclesial, com as danosas consequências das quais a evasão de fiéis é um indicador expressivo.
Aliás, são eloquentes as manifestações do Bispo de Guarulhos, D. Luiz Gonzaga Bergonzini e do padre Paulo Ricardo de Azevedo Júnior, sacerdote da Diocese de Cuiabá, entre outros lúcidos pastores efetivamente comprometidos com a sã doutrina, alertando para esses perigos.
Assinamos embaixo as observações contidas no site FratresInUnum.com, em 19 de abril de 2018, ao afirmar:
“Ao contrário do que dizem, não temos um país divido, nem tampouco os católicos estão divididos”. O país está unido, rechaça com força a impostura socialista, e os católicos desejam de seus pastores uma posição clara e inequívoca, mas, ao contrário, estes lhes oferecem águas turvas.
Quem está dividindo a Igreja e o país não são as opiniões divergentes, é a dialética socialista do “nós contra eles”; quem dividiu a Igreja católica no Brasil não foram os leigos que gritam por transparência, foi a dialética da teologia da libertação. De tanto pregar o antagonismo entre a hierarquia e o povo, os teo-ideológos da libertação beberam de seu próprio veneno: uma vez na hierarquia, o povo se voltou contra eles, enquanto estes se fazem de desentendidos.
Se os bispos tivessem humildade e coragem, reconheceriam que erraram e se afastariam definitivamente desta bandidagem esquerdista, agradeceriam os denunciantes por lhes mostrarem que eles também estão sendo enganados por uma corja de manipuladores e tomariam as rédeas da Conferência Episcopal, seriam coerentes com o discurso anti-corrupção e apoiariam a justiça que prendeu um ex-presidente corrupto.”
Concordamos com o Movimento Legislação e Vida que o coração da nossa Igreja está sendo ferido com os cruéis espinhos das “teologias da libertação” que constituem “venenos, um câncer, um pus, dentro da Igreja.” E que é urgente darmos um basta a essa situação insustentável que pretende transformar movimentos e serviços paroquiais que, ao perderem sua identidade católica, se travestem em braços sociais do socialismo marxismo, incompatível com a nossa doutrina e os ensinamentos de Jesus Cristo!
Ao apoiarmos, em sua extensão e profundidade, a petição do Movimento Legislação e Vida aos Bispos e Cardeais reunidos na Conferência da CNBB, esperamos que a Igreja se manifeste com clareza e traduza o seu fiel compromisso com a Verdade cristã, ensinada pelo Filho de Deus!
Que o Espírito Santo os ilumine e nos afaste das armadilhas do Maligno!
Belém, 20 de Abril de 2018.
CARLOS FERNANDES XAVIER
Presidente